RACHADURA NO FUNDO DO MAR COMPROVA BARBEIRAGEM DA PETROLEIRA
Estou em Campos, terra do açúcar, do petróleo e da mentira.
Não acredite que as passagens aqui custem apenas um real. É só para quem é eleitor na cidade. O negócio é para beneficiar o público interno, os eleitores que votam aqui. Forasteiros, ainda que de cidades vizinhas ou do mesmo território estadual, não tem direito, o que comprova farsa e caracteriza a compra indireta de votos tendo em vista a propaganda que a prefeita faz. Outros brasileiros pagam a “tabela cheia”, uma tarifa escorchante que a Prefeita instituiu aqui.
Mas não é disso que eu queria e vou falar.
Na década de 70, ocupei-me da cobertura jornalística das prospecção e exploração de petróleo na Plataforma Continental, aqui pertinho da costa de Campos. Acidentes ocorriam em profusão, um atrás do outro, ceifando vidas que eram contabilizadas a menor, especialmente de filipinos que lá trabalhavam. Até que ocorreu a explosão da Discovery, um navio-sonda alugado pela Petrobrás. Meu jornal, O Fluminense, abriu manchete: “Petróleo é Sabotado – repórter Paulo Freitas disseca tudo”. E todos os jornais e revistas do país vieram atrás.
Olhando assim, até parece que meu editor quis me prestigiar. Mas na verdade jogou-me às feras da ditadura militar, como se dissesse (e disseram): – fomos nós não, foi o Paulo Freitas, peguem ele, a culpa é dele.
Considero aquele episódio como um divisor de águas, pois desde então os acidentes rarearam, deixaram de ser constantes e de abarrotarem a Casa de Saúde de Macaé de mortos e feridos.
As provas da sabotagem caíram no meu colo como que por acaso.
Hoje, aqui nesta mesma cidade, converso com pessoas que trabalham na plataforma continental e o comentário é um só: a Texaco (eu prefiro chamar a Chevron por sua marca mais famosa) tentou furar a camada do pré-sal e deu a maior merda. Daí, esse vazamento medonho, o óleo saindo das entranhas de terra numa rachadura quilometral. Segura que eu quero ver!
E o governo vem falar em multar a Texaco americana em apenas 50 milhões… Isso não paga nem um milésimo de por cento dos prejuízos causados. E as prospecções que outras empresas estão fazendo, como ficam? Essa multinha equivale um grão de areia do mar enquanto o prejuízo afeta o planeta.
Nenhuma petroleira no mundo tem condições nem detém mais tecnologia para explorar o pré-sal do que a Petrobrás. Muito menos a Texaco, que percebendo que aqui é terra de ninguém (pelo menos é o que parece),que só usa estrangeiros nas suas plataformas (é raro encontrar aqui um brasileiro que trabalhe lá) e não sofre a menor fiscalização. Estimulada pela omissão brasileira, a Texaco se achou no direito de ir além e tentar extrair o óleo do pré-sal. Deu no que deu, uma lambança incontrolável que a Texaco diz ser um vazamento de nada, de poucos barris, quando na verdade são milhares.
A terra sangra petróleo no fundo do mar. Óleo bom, de altíssima qualidade e valor comercial, coisa que só tem mesmo no pré-sal. Só o governo do PT não enxerga ou não quer ver.
Extrair óleo do pré-sal, dizem os técnicos, é fácil. Tal qual construir uma bomba atômica, cuja fórmula está disponível em vários sites na internet (a Al Kaeda tem um site só para ensinar a fabricar bombas). Mas não é para o bico de qualquer um… menos ainda da Texaco, que está entrando nessa de Brasil agora.
De uma coisa eu tenho certeza: no final, eles se acertam. Perdem um tanto aqui e ali, mas enchem as burras de dinheiro.